quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Entrevista com Dr. Max Senna Mano


Entrevista com o diretor do Programa de Câncer de Mama e Oncologia do 

Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)


Um olhar sobre o câncer de mama

Por: Elespectador.com

Max Mano aplaude o desenvolvimento de um novo medicamento que retarda o crescimento do câncer e, consequentemente, a utilização de quimioterapia.


Max Mano diz que o autoexame não é suficiente na luta contra o câncer de mama. / Luis Ángel

Por que liderar a luta médica contra o câncer de mama?

No princípio foi pela influência de um professor: de nível mundial especializado em câncer de mama, ali nasceu minha paixão e ao ver a grande quantidade de mulheres que precisam de ajuda esta se tornou ainda maior.

Quais os mitos ao redor do câncer de mama?

Muitos dizem que existem alimentos que o provocam ou que o sutiã pode gerar a enfermidade, o que não é verdade. Quando são diagnosticadas com câncer de mama as pacientes tem muitas crenças. Devido a isso, as consultas geralmente são muito complexas, portanto é importante dedicar um bom tempo das consultas para explicar as verdades e os mitos sobre o câncer de mama. Devemos assegurar que os tratamentos tenham como base uma boa comunicação, disso depende o êxito do tratamento.

Alguns dizem que os contraceptivos orais aumentam o risco de câncer de mama. Isso é verdade?

Antigamente os anticoncepcionais orais causavam um maior risco devido a altas concentrações hormonais, hoje em dia a quantidade de estrogênio e destas substâncias são menores, por isso é menos provável.

O que fazer contra esta enfermidade?

Geralmente se promove o autoexame, no entanto, este não é 100% útil: palpar algo no autoexame é reflexo de que o câncer se encontra num estado avançado, o que o torna mais difícil de combater. É importante que as pessoas estejam cientes se tem propensão genética e fazer os exames devidos, ressonância magnética, mamografias, etc. Tudo com o fim de prevenir e não dar-se conta quando já está doente. O mesmo com a dieta. O melhor conselho é se ter hábitos saudáveis; o sobrepeso, por exemplo, produz certas substâncias que aumentam o risco do câncer de mama. Aconselho também que as mulheres amamentem quando tenham filhos, e que os tenham antes dos 35 anos.

Uma pesquisa da “23 and Me’ observou que pode haver relação entre o tamanho dos seios e o câncer de mama. O que está certo nisso?

Eu considero um mito. Existem alguns estudos que sugerem que pode haver uma correlação, porém são muito pequenos e trazem duvidas sobre a veracidade dos dados. O mesmo se diz do uso de próteses de silicone para aumentar o tamanho dos seios; tampouco existe alguma correlação entre implantes mamários e o câncer de mama.
Quais são as mais recentes descobertas com respeito a essa doença?

Recentemente foi desenvolvido um medicamento que, sem dúvidas, é uma grande ajuda no tratamento do câncer de mama. É para as mulheres que já tem a enfermidade e busca retardar o uso da quimioterapia. Assim, a paciente deverá receber muito menos desse tratamento, já que o medicamento diminui o crescimento do tumor e, portanto, ajuda a melhorar a qualidade de vida por um tempo das pessoas com câncer de mama. De fato, já se pode consegui-lo na Colômbia e na comunidade médica estamos muito entusiasmados.

Faz falta um melhor trabalho dos meios de comunicação para informar as pessoas sobre o câncer de mama?

É muito importante que se informe mais sobre a doença. Temos que ter em conta que o maior problema na América Latina é que se tem um diagnóstico tardio, diferente dos Estados Unidos onde 80% das mulheres são diagnosticadas na fase branda e não só se evitam mortes como também o sofrimento psicológico. O câncer de mama também fere as famílias, por isso devemos educar as mulheres para que façam as mamografias e consultem seus médicos. Agora, a prioridade é nos organizarmos para ajudar as pacientes a detectar, no melhor momento, a enfermidade que hoje mata o dobro de mulheres em relação há alguns anos atrás. É um câncer de medo.




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